Setor de serviços interrompe sequência positiva e encolhe 0,9% em agosto

O setor de serviços, responsável por cerca de 70% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, reverteu a recente trajetória positiva e encolheu 0,9% em agosto. Trata-se da queda mais intensa do ramo desde abril (-1,7%), mostram dados apresentados nesta terça-feira (17) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Com a primeira queda em quatro meses, período com ganho de 2,1%, o segmento figura 11,6% acima do patamar pré-pandemia, mas ainda 1,9% abaixo do ponto mais alto da série histórica da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), alcançado em dezembro do ano passado.

No mês, quatro das cinco atividades pesquisadas ficaram no campo negativo, com destaque para o setor de transportes (-2,1%). A taxa foi negativa em todos os modais: terrestres (-0,9%); aquaviário (-1,3%); aéreo (-0,3%) e armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio (-5,5%).

Rodrigo Lobo, gerente responsável pela pesquisa, explica que o resultado dos transportes foi puxado, principalmente, pelo recuo nas atividades de gestão de portos e terminais e de transporte rodoviário de cargas.

“A gestão de portos e terminais, que está dentro do subsetor de armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio, vem apresentando perda de fôlego há algum tempo. […] O transporte de cargas, por sua vez, atingiu o ápice em julho de 2023, ou seja, está com uma base de comparação muito elevada”, destaca Lobo.

O pesquisador ainda explica que, desde o pós-pandemia, o transporte rodoviário de cargas vinha apresentando crescimento de receita, por causa, num primeiro momento, do boom do comércio eletrônico, que aumentou a demanda por frete rodoviário, e, posteriormente, influenciado também pelo dinamismo da produção agrícola, que vem mostrando recordes de safra.

Lobo ressalta que, historicamente, a produção agrícola é mais concentrada no primeiro semestre do ano. “Vamos observar como o transporte de cargas se comportará no segundo semestre com uma produção agrícola menos pujante”, afirma o gerente da PMS.

Famílias

Os serviços prestados às famílias também contribuíram para o resultado negativo ao recuar 3,8% em agosto, após acumular ganho de 4,8% entre abril e julho, registrando o segundo maior impacto negativo para o índice geral. “O setor agora devolve boa parte desse ganho, com a queda ocorrendo basicamente em restaurantes e hotéis, principais componentes em termos de peso”, diz Lobo.

O pesquisador ressalta ainda que julho é mês de férias, quando as famílias aumentam o consumo por serviços de alimentação e hospedagem, elevando assim a base de comparação para o mês subsequente.

Segundo o IBGE, o segmento de serviços prestados às famílias segue como o único a não superar o patamar pré-pandemia, operando 5,8% abaixo do nível de fevereiro de 2020, após ter registrado no mês de julho o menor distanciamento já observado de lá para cá (-2,1%).

Outras atividades

O terceiro impacto negativo mais importante veio da atividade de informação e comunicação (-0,8%), que registra a segunda queda seguida, com retração de 1% no período. “Essa queda se deu por causa de perdas de receita de empresas que atuam com consultoria em tecnologia da informação e também em telecomunicações”, explica Lobo.

A atividade de outros serviços registrou o quarto impacto negativo (-1,4%), influenciada por uma menor receita que veio das corretoras de títulos e valores mobiliários e também das atividades de apoio à agricultura.

Por outro lado, a única atividade a registrar crescimento foram os serviços profissionais, administrativos e complementares, que subiram 1,7% em agosto, taxa mais intensa desde março de 2023 (3,8%). Nesse setor, destacam-se atividades de limpeza, atividades jurídicas e serviços de engenharia.

Com informações do R7

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