‘Por centímetros, não fiquei cega’, diz torcedora atingida no supercílio por bala de borracha disparada por PM em Natal

Estudante de 21 anos foi ferida momentos antes jogo entre ABC e América-RN, no estádio Frasqueirão.

Uma torcedora do América-RN foi atingida no supercílio por uma bala de borracha disparada pela Polícia Militar momentos antes do jogo contra o ABC, no último domingo (23), na área externa do estádio Frasqueirão, em Natal. A estudante Victoria Souza, de 21 anos, fez o relato em uma rede social e publicou uma foto do ferimento.

Ela conta que se dirigia à bilheteria para comprar o ingresso, quando ouviu os disparos. No tumulto, contou que o marido ainda tentou protegê-la, mas já havia sido atingida.

Victoria lembra que não estava havendo brigas e confronto entre torcidas naquele momento para que os policiais precisassem efetuar os disparos para dispersar o grupo que chegava ao Frasqueirão. A torcedora lamentou esta atitude mais ostensiva da PM.

“Por poucos centímetros, não fiquei cega, meu olho não estourou. Por uma negligência de vocês (Polícia Militar), perdi meu supercílio, estou com muitas dores, passei por uma sutura que levou oito pontos. E estou à base de remédios para amenizar a dor que estou sentindo. Estou com o olho embaçado, quase não vendo nada”, relatou a estudante de psicologia clínica, que passará por novos exames oftalmológicos.

“Fechava o olho pra tentar dormir e vinha relances do tiro. Quantas vezes vamos ter que lidar com a opressão de vocês em cima da gente, com a falta de respeito”, completou.

Um vídeo mostra o momento em que o marido de Victoria a carrega desmaiada para próximo dos policiais do Batalhão de Choque – de onde teria partido a bala de borracha.

Não havia ambulância no local e não houve o socorro imediato por parte da PM, segundo lamentou a estudante. Sangrando muito – a camisa do América, inclusive, foi usada para cobrir o ferimento -, ela e o marido foram autorizados a entrar no estádio e receberam o suporte de um funcionário do ABC, que acionou o atendimento médico e o Samu.

Victoria conta que “levará para a vida o trauma e as cicatrizes” deste domingo. “Antes de tudo, sou irmã, sou filha, sou estudante, sou mãe, sou esposa. Deixei pessoas me esperando em casa assim como vocês que atiraram sem dó nem piedade”, desabafou.

Em nota, o Comando de Policiamento da Capital (CPC) da Polícia Militar do RN destacou que trabalha na elaboração de um relatório completo da “Operação Clássico Rei”, que será enviado ao Ministério Público do Rio Grande do Norte. “A Polícia Militar vai anexar imagens ao documento, além de outros registros de ações violentas na área de entorno do estádio e também em outras áreas da cidade”, conta.

Sobre o caso que envolve Victoria, a “Polícia Militar informa que até o momento não recebeu nenhum registro oficial da referida ocorrência” e que “a corporação aguarda a conclusão do relatório da ‘Operação Clássico Rei’ para adotar as medidas necessárias”.

FONTE: G1/RN

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