No dia em que o reajuste de 5,2% para a gasolina comum entrou em vigor (neste sábado,18), o produto já é vendido mais caro, a R$ 8,19 o litro em alguns postos de Natal. O aumento reajuste autorizado para as refinarias foi anunciado pela Petrobras nessa sexta-feira (17). A medida também inflou a gasolina aditivada, que está custando R$ 8,29. No comunicado, divulgado na sexta-feira (17), a estatal informou ainda que o diesel também sofreu uma alta de 14,2%. Na capital, o litro do diesel já está custando R$ 8,00 e a versão S10 R$ 8,40. Os valores foram verificados em dois postos da Avenida Prudente de Morais. Os postos alegam que estão recebendo o produto inflacionado.
Os novos preços assustaram os consumidores que precisaram abastecer na manhã deste sábado. “É muito difícil mesmo, na metade da semana a gente já tinha tido um aumento e agora mais esse. É um susto toda vez que a gente precisa abastecer. É um absurdo, mas infelizmente tive que abastecer aqui com esse valor porque estou precisando levar minha mãe para uns exames. A gente corta algumas coisas, mas outras não tem como, é o caso da gasolina que a gente precisa se deslocar”, relata a farmacêutica Ioneide Miranda.
Maxwell Flor, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do RN (Sindipostos), explica que as oscilações de preços, mesmo antes dos reajustes da Petrobras, podem ser explicadas pelas compras diretas no mercado externo.
“De refinaria, nós temos, basicamente, a Petrobras e uma privada na Bahia. Elas produzem e vendem para as distribuidoras, que revendem aos postos. Vamos exemplificar: a Shell compra da Petrobras para revender para os postos dela. Vamos supor que ela precisa de 1 milhão de litros e aí vai na Petrobras e diz que precisa dessa quantidade, mas a Petrobras só tem 700 mil litros. Esses 300 mil litros restantes são comprados lá fora e os preços praticados são do mercado internacional, por isso que existem os aumentos”, explica.
A estudante Érika Tito diz que pesquisa os preços em aplicativos antes de sair de casa para tentar gastar o mínimo possível. Érika mora na Avenida Pompéia, na zona Norte da capital, e abasteceu o veículo em um posto da Avenida João Medeiros Filho, que comercializava a gasolina comum por R$ 7,59. Ela diz que na região, os preços estavam variando até R$ 7,99.
“Tem que ser desse jeito, pesquisando. Pode ver aqui, estava justamente agora olhando aqui no aplicativo e decidi andar mais um pouquinho e vir aqui abastecer nesse valor, que já é absurdo demais. A gente não tem muito o que fazer, toda hora é um aumento e vai aumentar mais porque estamos nesse ritmo faz tempo. Chega uma hora que a gente não tem o que fazer mesmo porque está tudo muito caro, não só combustível. A gente só abastece porque precisa mesmo”, protesta a estudante.
Conforme constatado pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, alguns postos ainda não haviam repassado os novos valores da Petrobras. Na Avenida Rio Branco, na Ribeira, o litro da gasolina estava sendo vendido por R$ 7,19, R$ 1,00 mais barato do que o valor praticado nas proximidades. Com a constante oscilação de preços, os motoristas dizem que não conseguem se planejar e a saída encontrada é aproveitar promoções oferecidas por aplicativos ou clubes de fidelidade.
“É desse jeito porque está complicado demais. É um roubo isso que a gente vem passando. Só não tem arma, mas o roubo é na conversa, com palavras. Sempre existe reajuste e não tem mobilização da população, ninguém faz nada e isso faz com que eles se sintam à vontade para aumentar ainda mais. A gente fica de mãos atadas, todo dia é um preço. No meio dessa semana teve um aumento e agora teve outro e depois vai ter mais. É sempre assim”, reclama o motorista José Carlos, que mora em Extremoz, região Metropolitana de Natal.
Números:
R$ 7,19 – foi o menor preço encontrado pela reportagem da TN para o litro da gasolina, em um posto na avenida Rio Branco, Ribeira
R$ 8,00 – é o preço do litro do diesel praticado em alguns postos de abastecimento de combustíveis na capital do Estado
Petrobras deve dar explicações ao STF
No dia em que a Petrobras anunciou um novo reajuste dos combustíveis, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a estatal informe ao STF, no prazo de cinco dias, sobre os critérios adotados para a política de preços estabelecida nos últimos 60 meses pela petroleira. A decisão foi tomada na ação que tramita na Corte e discute a regulamentação dos Estados sobre o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) único para combustíveis.
A Petrobras terá de enviar ao STF cópia de toda documentação (relatórios,atas, gravações em áudio ou vídeo de deliberações etc.) que subsidiou suas decisões de reajuste neste período, para mais ou para menos.
A estatal também precisará apresentar ao Supremo documentos que subsidiaram sua decisão quanto à adoção da atual política de preços, especificamente no que concerne à utilização do Preço de Paridade Internacional (PPI) – mecanismo que está na mira do presidente Jair Bolsonaro, responsável pela indicação de Mendonça ao tribunal.
O ministro ainda determinou que a Petrobras informe ao STF o conjunto de medidas tomadas para o cumprimento da função social da empresa estatal, “em face das flutuações de preços dos combustíveis eventualmente ocorridas nos últimos 60 meses”.
À Agência Nacional do Petróleo (ANP), o STF requisitou também no prazo de cinco dias informações sobre os procedimentos e atos adotados a respeito da fiscalização, acompanhamento e transparência da política de preços de combustíveis no país, em especial em relação à Petrobras.
Ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), determinou que sejam enviados ao tribunal dados a respeito de eventuais procedimentos abertos em relação à Petrobras. “Seus respectivos objetos e o prazo estimado para conclusão levando-se em conta os princípios da eficiência e da duração razoável do processo”, ordenou.
TRIBUNA DO NORTE