Fátima e bancada federal se reúnem para tratar sobre a saída da Petrobras do RN

A governadora Fátima Bezerra se reúne nesta segunda-feira 31 com a bancada federal do Rio Grande do Norte para discutir a venda dos ativos da Petrobras no Rio Grande do Norte. Em pauta, a criação de um grupo de trabalho com um representante do Estado e da Petrobras para acompanhar todo o processo de venda da estatal. O secretário estadual de Planejamento e Finanças, Aldemir Freire, representará o Estado.

Num vídeo distribuído à imprensa neste final de semana, o diretor de relacionamento institucional da Petrobras, Roberto Ardenghy, disse que “ninguém será demitido nesse processo”, ou seja, a venda dos ativos da companhia no Rio Grande do Norte, mas “a todos os empregados será oferecido a condição de trabalhar em outro projeto (…) ou, se quiser, aderir ao nosso programa de demissão”.

Ele voltou a repetir o argumento da empresa para justificar a venda de 26 concessões de produção, entre as quais, 23 plataformas marítimas e três terrestres no estado: obter maior fortalecimento no ambiente de preços baixos de petróleo, gerar reforço para o caixa para a companhia e manter o foco da exploração de petróleo em águas profundas, especialmente no pré sal, no Sudeste do País.

Afirmou que com a chegada de novas empresas para assumir o polo deixado pela Petrobras, empregos serão gerados e impostos arrecadados, o que dinamizará a economia da região. Mas não entrou em maiores detalhes de uma previsão para isso acontecer.

Por enquanto, o ambiente produzido pelo anúncio da venda dos ativos da Petrobras, depois de quase 50 anos de atuação no RN, cria polêmica e divide empresários e até representantes da classe política.

O anúncio oficial foi feito no último dia 24 e, desde então, as declarações contrárias e favoráveis ao desinvestimento da companhia tem se multiplicado na imprensa e nas redes sociais.

Para Gutemberg Dias, presidente da RedePetro, entidade que reúne empresas fornecedoras do setor, o processo de venda dos campos terrestres e de águas no RN, a saída da empresa irá reaquecer o mercado de petróleo e gás do estado. Para ele, o importante mesmo é que “os investimentos em exploração e produção sejam continuados para que o setor volte a crescer”.

Pragmático, o dirigente afirma que o fato relevante, nesse caso, não é a Petrobras ficar, “mas ela ficar e investir”. Ao portal da Federação da Indústria do RN, ele acrescentou que é preciso conviver com a nova realidade e que a saída da estatal é “um processo irreversível”.

Gutemberg lembra que desde os anos 2014/2015, quando a Petrobras iniciou seu processo de desinvestimentos do RN, várias operações foram encerradas nos campos da Bacia Potiguar. “Muitas empresas fornecedoras fecharam as portas ao longo desses anos. Para ter ideia, na RedePetro, temos 23 empresas fornecedoras ativas, antes eram 130 empresas associadas”.

A produção de Petróleo e Gás, até agora realizadas pela estatal, caiu de R $ 3,4 bilhões em 2013 para R $ 1,6 bilhão em 2017, segundo o IBGE. Isso fez com que o RN fosse um dos estados mais impactados pela retirada de investimentos da Petrobras.

Os reflexos apontam para uma queda expressiva na produção de petróleo, repercutindo em toda a cadeia produtiva e no nível de empregos dos trabalhadores do setor.

Segundo números da própria estatal, só entre janeiro a junho deste ano, a média do Polo Potiguar foi de aproximadamente 23 mil barris de óleo por dia. Nos primórdios da empresa no estado, essa mesma produção chegou aos 120.000 barris.

Para a Fiern, o presidente da Vipetro Construções e Montagens Industriais, Francisco Vilmar Pereira, sustenta que a decisão da Petrobras de deixar o RN “significa oportunidade de novos negócios”.

Ele tem certeza que as empresas que comprarem a cessão farão investimentos e reativarão a produção em patamares expressivos, movimentando toda a cadeia do setor petroleiro do estado.

“A entrada de novas empresas e os investimentos irão demandar mais serviços para terceirizadas, fornecedores e prestadores de serviços da região, isso é importante para movimentar a economia do estado”, observa o empresário, que também é diretor da Fiern e presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Rio Grande do Norte (Simetal).

Ele lembra que a entrada da empresa Potiguar E&P, subsidiária da Petrorecôncavo, que comprou 34 campos do Riacho da Forquilha, já se reflete em um crescimento de produção e movimentação do setor.

“Houve o aumento de produção com a Potiguar E&P e, consequentemente, da demanda para terceirizadas, rede de fornecedores e prestadores de serviços nas regiões de Mossoró, Carnaúbas, Felipe Guerra, Governador Dix-Sept Rosado, Apodi. As empresas locais vinham sofrendo com a queda de produção”, avalia.

Mas ele pondera que o ideal seria que a cessão tivesse sido em blocos menores para beneficiar um número maior de empresas que já atuam na área. “O campo do Amaro deve ter uma grande procura devido sua importância, mas há campos menores para os quais poderiam ter sido feitas a cessão em pacotes menores para que mais produtores da região pudessem concorrer nesta venda da cessão. De toda forma, é uma retomada, um crescimento das atividades importantes para o setor e para todo o Estado”, afirmou ao portal da Fiern.

O Polo Potiguar é formado por três subpolos (Canto do Amaro, Alto do Rodrigues e Ubarana), totalizando 26 concessões de produção, 23 terrestres e três marítimas, além de incluir acesso à infraestrutura de processamento, refino, logística, armazenamento, transporte e escoamento de petróleo e gás natural. As concessões do subpolo Ubarana estão localizadas em águas rasas, entre 10 km e 22 km da costa do município de Guamaré. As demais concessões dos subpolos Canto do Amaro e Alto do Rodrigues são terrestres.

Além das concessões e suas instalações de produção, está incluída na transação a Refinaria Clara Camarão, localizada em Guamaré, capaz de refinar 39.600 barris por dia.

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