O Brasileirão 2021 já bate à porta, e mais uma vez o principal torneio do país vai começar sem a presença de torcida nos estádios. No Redação SporTV desta sexta, o doutor Jorge Pagura, presidente da Comissão de Médicos do Futebol da CBF, deu detalhes sobre a expectativa da entidade para o retorno do público pelo país.
“Sei que todo mundo está ansioso por isso, mas em saúde e medicina você não pode entrar na ansiedade nem do paciente, nem da situação. Tem que ter critério. A gente ainda está um pouco longe (do panorama ideal). Quando a gente fala em setembro… Toda vez que você fala em pandemia e crava uma data, você erra. É como uma série, um episódio por dia. Recebemos atualizações todo dia”, afirma.
Segundo a CBF, há quatro índices considerados para o retorno do público. A lista abaixo mostra quais são e os parâmetros ideais pela entidade, comparados com a atual situação da pandemia no Brasil.
– Incidência de casos
Ideal para a CBF: 100 casos por 100 mil habitantes;
Hoje: 417 casos por 100 mil habitantes.
– Índice de retransmissão (R0)
Ideal: Abaixo de 1
Hoje: 0,91
– Porcentagem da população vacinada
Ideal: 50% vacinada com a segunda dose
Hoje: 9,5% vacinada com a segunda dose
– Taxa de ocupação de unidades de terapia intensiva (UTIs)
Ideal: Abaixo de 80%
Hoje: 82,2% (com base em dados da Fiocruz no dia 10 de maio)
A isonomia entre clubes de municípios distintos também é um critério levado em conta pela CBF. Há conversas entre a comissão médica e a diretoria de competições da entidade, visando manter o equilíbrio técnico entre as equipes de cidades que receberiam público ou não.
“Por exemplo, aqui em São Paulo poderia jogar com público, aí o Corinthians, o São Paulo ou o Palmeiras recebem o Atlético-MG ou o Flamengo. Aí você chega em Minas Gerais ou no Rio de Janeiro, (os mandantes) não podem utilizá-lo. (…) Quando você fala em volta do futebol, você tem um controle rígido daquele clube. Com público, as variáveis são imensas”, completa.
Jorge Pagura afirmou não ter conhecimento de pressões políticas sobre a comissão médica pelo retorno do público aos estádios.
“Tenho a impressão que, do ponto de vista do governo, não (sofremos). Acredito que quem sofre mais essa pressão sejam muito mais o presidente (Rogério Caboclo), o diretor de competições (Manoel Flores). A gente trabalha com uma autonomia bastante grande. Tem havido um respeito enorme às colocações da comissão médica”, diz Pagura.
Experiências com público no exterior também servirão de exemplo aos estudos da CBF. Jorge Pagura ainda ressalta que não tem poder para interferir nos estaduais, mas concorda que a ideia de público nas decisões – no atual momento do país – seria um “delírio”.
“Nós vamos ter possibilidade de avaliar uma série de dados. A final da Liga dos Campeões, Jogos Olímpicos. Você também aprende muito com a experiência dos outros. Pretendemos utilizá-las e aplicá-las aqui. (…) Para mim, sim (era delírio). Não posso interferir nos estaduais. Embora respeite, cada um tem seus dados e parâmetros, por nós na CBF não passaria mesmo”, finaliza.