Para a senadora, é grave que R$ 285 milhões tenham sido gastos em campanhas que se tornaram inócuas, com os maus exemplos de Bolsonaro
A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) questionou o ex-secretário de comunicação da Presidência da República Fábio Wajngarten, que prestou depoimento à CPI da Covid na quarta (12), sobre o que classificou como “sabotagem deliberada” do presidente da República às onze campanhas publicitárias que o ex-chefe da Secom afirma ter feito desde o início da pandemia até a sua saída do governo, em março deste ano, a um custo de R$ 285 milhões de reais.
“É fato que essas campanhas publicitárias públicas não surtiram efeito. Foi falha da Secom ou o senhor considera que o presidente da República boicotou essas campanhas quando aglomerava pessoas e fazia campanha para o não uso de máscaras?”, perguntou a senadora, que continuou: “O senhor, alguma vez, se dirigiu ao presidente da República para dizer: ‘Presidente, o senhor está vendo que estamos gastando milhões de reais de dinheiro público e o senhor está deixando essas campanhas inócuas?’ O senhor não acha que essa sabotagem é deliberada?”, perguntou Zenaide.
Wajngarten não respondeu se fez o alerta ao presidente e limitou-se a dizer que as campanhas da Secom tiveram “pós-testes de efetividade”, mas que, “infelizmente, a pandemia evoluiu”. Disse, também, que não se manifestaria sobre o comportamento do presidente.
A senadora pediu que o depoente respondesse se fez o alerta ou não; e reiterou: “Que não faça campanhas, mesmo orientado pela OMS, pregando as medidas preventivas, como o distanciamento social, o uso de máscaras, é uma coisa que já é grave. Agora, gastar dinheiro público fazendo uma campanha e o próprio presidente deixando essas campanhas inócuas, ou seja, fazendo uma sabotagem deliberada, e o senhor nunca conversar? Porque era uma responsabilidade não só do presidente da República, mas do senhor, também!”, insistiu Zenaide, ao que Wajngarten treplicou que a Secom tinha cuidado com o erário, mas, de novo, não respondeu à pergunta da parlamentar.
O depoimento de Wajngarten teve uma série de contradições apontadas por diversos senadores e acabou sendo enviado para avaliação do Ministério Público do Distrito Federal, por suspeita de falso testemunho.