Já é perceptível um movimento maior de caminhões pelos arredores do porto de Natal neste mês de setembro e o motivo é o início da exportação de um dos principais produtos do Estado, as frutas frescas. Os produtores não estimam um crescimento em relação ao ano passado, quando mandaram aproximadamente 300 mil toneladas para o exterior – quase metade pelo Porto de Natal-, movimentando cerca de R$ 750 milhões, segundo o Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (COEX). A tendência é que os números se mantenham estáveis.
“Não existe expectativa de crescimento em relação ao ano anterior, pois começamos a safra com aumentos de custo muito altos e não tivemos um aumento de preço que justificasse e compensasse esse aumento de custo da produção. Então serão volumes ligeiramente inferiores a safra anterior, podendo chegar até o volume alcançado na última temporada”, explicou o presidente do COEX, Fábio Martins de Queiroga.
Mesmo assim, segundo ele, a expectativa é animadora, dadas as circunstâncias da crise sanitária provocada pela pandemia da covid-19. “A safra vem cheia de expectativas de uma retomada de mercado, por conseqüência do abrandamento da covid-19”, disse.
O Rio Grande do Norte é líder na produção de melão, carro-chefe da fruticultura potiguar. Junto à melancia, ao mamão, a banana e a manga, forma o top 5 das frutas mais produzidas. Cerca de 40% das exportações de frutas do país saem do Rio Grande do Norte e a atividade chega a gerar até 20 mil empregos diretos. “Mas o foco mesmo são os melões e melancias, que constituem, aproximadamente, 300 mil toneladas por safra”, informou o presidente do Coex. “Temos uma estimativa de movimentar R$ 750 milhões para os produtos exportados oriundos de nossa região, enviados entre os portos de Natal e Fortaleza”, prevê.
De acordo com o Boletim de Comércio Exterior, informativo anual do Sebrae/RN, que faz uma análise detalhada do comportamento das exportações e importações, a venda de melões frescos para o exterior, que tem forte influência na balança comercial, teve uma queda de 18,5% em 2020, atingindo um total de US$ 95,2 milhões. Em 2019, as exportações da fruta somaram quase US$ 117 milhões.
O analista técnico e gestor de Fruticultura do Sebrae-RN, Franco Marinho, avaliou que a safra deste ano começou com dificuldades no custo de produção e logística. “A perspectiva é de que possa se manter igual o ano passado ou ter uma leve redução. Não deve haver aumento. O custo de produção e o dólar têm influenciado nisso e o impacto do consumo em relação à pandemia também conta”, explicou.
E para o próximo ano, a exportação de frutas poderá incluir também os pequenos produtores. Franco destacou que o Sebrae está capacitando esses para inseri-los no mercado de exportações. “Os pequenos nem participam por causa da dificuldade dos cenários. A gente quer introduzir o pequeno produtor nesse processo, analisar os cenários as certificações. A gente está em processo acompanhando com produtores de manga, mamão, melão e melancia. ”, explicou.
*Tribuna do Norte