Motoristas e cobradores do sistema de transporte público de Natal ameaçam interromper o serviço, por tempo indeterminado, a partir da próxima segunda-feira (11). O Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Rio Grande do Norte (Sintro) aprovou nesta quinta-feira (07) indicativo de greve, em assembleia geral, após fracasso nas negociações recentes com as empresas de ônibus.
Segundo o Sintro, o edital de greve foi publicado em veículos de comunicação nesta sexta-feira (08). O prazo para início da paralisação, de acordo com a lei federal 7.783, é de 72 horas. “Como o prazo se encerra no domingo (10), não é interessante fazer a paralisação neste dia. Vamos fazer no início da semana”, explicou Harley Davidson de Andrade, diretor de comunicação do Sintro.
A categoria exige o cumprimento das datas-bases salariais deste ano e de 2020, previstas para acontecer em maio passado, que até o momento não foram implementadas pelas companhias de ônibus de Natal. Os rodoviários pedem que o reajuste seja o equivalente à inflação acumulada (IPCA) para os últimos 12 meses, que é 9,68%, segundo dados de agosto do IBGE. Atualmente, o piso da categoria é de R$ 2,110.
Além disso, os motoristas querem a recomposição do vale-alimentação. Até março do ano passado, as empresas pagavam R$ 315 aos trabalhadores, mas, com a redução das linhas em circulação em decorrência da pandemia da Covid-19, o valor foi reduzido para R $180. “As empresas prometeram a retomada gradual no pagamento, mas ainda segue abaixo do que era pago antes da pandemia. Aguardamos desde o início do ano que as empresas nos chamem para conversar“, reclamou Harley Davidson.
De acordo com o sindicalista, desde maio passado os rodoviários tentam negociar com os empresários. Sem diálogo, os trabalhadores fizeram uma manifestação de advertência no início da tarde desta quinta-feira (07). Durante o protesto, que teve início às 11h53 e se encerrou às 13h, o fluxo na região ficou lento e houve atraso nas linhas que cumprem itinerário entre o Alecrim e a Cidade Alta.
Trabalhadores, estudantes e a população em geral foram surpreendidos pela paralisação dos serviços. Por volta do meio-dia, dezenas de ônibus estacionaram no início da Avenida Rio Branco, na região do Baldo, em frente à sede do Sintro. “É um absurdo ficar no meio do caminho. Eu estava indo para o trabalho. Fui prejudicada”, reclamou Neuzuelika Almeida de Azevedo, que ia para o trabalho na Zona Norte da cidade.
“O protesto é para comunicar à população que na próxima semana entraremos em greve por prazo indeterminado. Se o empresário não tem compromisso e a STTU não tem uma discussão com os empresários, é o que nos resta fazer”, justificou Júnior Rodoviário, presidente do Sintro.
O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos (Seturn) informou, por meio de nota, que “lamenta a paralisação dos rodoviários no dia”. A entidade relata que a ação dos trabalhadores foi tomada sem diálogo estabelecido com a classe patronal. “Especialmente, pela ausência de comunicação com 72hs de antecedência à população”.
Ainda de acordo com o Seturn, a busca por melhores condições de trabalho por parte dos rodoviários é um direito legítimo, mas deve ser exercido com responsabilidades, dentro das normas do Estado Democrático de Direito. A entidade reforça que está aberta ao diálogo para discutir as reivindicações dos trabalhadores do sistema rodoviário.
“O Seturn informa que sempre esteve à disposição para o diálogo com o Sintro e qualquer outra autoridade, mas que a crise dos transportes públicos extrapola a sua capacidade de resolução sendo necessário um diálogo intersetorial para as soluções dos problemas de mobilidade urbana em nossa capital”, encerra a nota.
*Tribuna do Norte