Um estudo sobre o ritmo da vacinação brasileira contra a Covid-19 feito por professores da USP e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostra que, três meses e meio depois do início do programa, a metade dos idosos com mais de 80 anos ainda não foi imunizada com as duas doses da vacina.
A faixa etária foi a primeira a ser chamada para a vacinação, em janeiro. E já deveria estar imunizada —mesmo aqueles que tomaram a vacina de Oxford/Astrazeneca, que prevê intervalo de três meses entre as doses.
Um percentual grande dos outros grupos de idosos também segue vulnerável: na faixa dos 70 aos 79 anos, 38% ainda não tomaram a segunda dose da vacina. Entre os que têm de 60 a 69 anos, 88% ainda não completaram a imunização.
A pesquisa foi feita a partir dos registros de vacinação enviados pelos estados ao Ministério da Saúde até a terça (4), e que informam nome, idade e local em que as pessoas foram vacinadas.
As hipóteses para a baixa cobertura vacinal são várias, segundo o sanitarista e professor da USP Mário Scheffer, que assina o estudo com Guilherme Werneck e Ligia Bahia, da UFRJ : além da lentidão da vacinação, faltam imunizantes para a segunda dose, já que prefeituras e estados acabaram usando estoques para aumentar o número de vacinados com a primeira dose; as pessoas podem estar desinformadas e podem ainda enfrentar dificuldade para voltar aos locais em foram vacinadas para tomarem a dose de que ainda necessitam.
Ele diz que seria preciso fazer uma busca ativa das pessoas que já deveriam ter tomado a segunda dose. E que é “ilusão” incluir mais e mais grupos para a vacinação sendo que nem sequer os prioritários chegaram ao percentual ideal para que se alcance a imunidade coletiva: 90%.
Nem mesmo o grupo de profissionais de saúde está perto disso: 45% até agora tomaram duas doses de vacinas. Entre os indígenas, o percentual chega a 52%.
FONTE: FOLHAPRESS/AGORA RN