Livro ‘Horto’, da poetisa Auta de Souza, é relançado em Natal

Lançamento é nesta sexta-feira (10), às 19h, na Academia Norte-rio-grandense de Letras, em Natal. Projeto é organizado por Carlos Castim e Fábio Fidelis.

O folclorista Câmara Cascudo referia-se à conterrânea Auta de Souza como “a maior poetisa mística do Brasil”. A célebre potiguar deixou um único livro, “Horto”. Desde então, o livro de poemas foi mutilado por várias alterações nas edições que sucederam a primeira, a ponto de comprometer a originalidade da obra da jovem poetisa que nasceu em Macaíba, cidade da Grande Natal.

Foi por essa razão que Carlos Castim e Fábio Fidelis, em trabalho de arqueologia literária, dedicaram-se a reescrevê-lo, de maneira fidedigna à primeira edição de 1900, a única lida, aceita e abraçada por Auta de Souza.

Depois de três anos de pesquisa, o lançamento de “Horto – Poemas originais de Auta de Souza em conformidade com a primeira edição (1900)” será nesta sexta-feira (10), às 19h, na Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANRL), em Natal.

Publicada originalmente em 1900, a obra apresenta erros de diagramação e descuidos editoriais, o que incomodava o advogado, músico, compositor e poeta Carlos Castim. Diante dessa realidade, ele se juntou ao advogado e professor universitário Fábio Fidelis para se dedicar à pesquisa da obra autaniana.

A primeira edição do livro foi prefaciada por Olavo Bilac, e seus exemplares esgotaram-se em poucos meses. A obra aborda frustração amorosa, religiosidade, perdas familiares e tuberculose, e foi recebida com elogios pela crítica literária à época.

Auta de Souza nasceu em 1876, antes da abolição da escravatura no Brasil, em 1888. “Naquela conjuntura social, ela conseguiu, mesmo sendo mulher e negra, ser reconhecida pela sua qualidade literária”, destaca Castim, acrescentando que, após a morte da autora, aos 24 anos, muitos de seus poemas foram alterados, sobretudo a partir da segunda edição.

“Esse trabalho envolveu uma cuidadosa pesquisa de todas as edições já lançadas no mercado, além dos manuscritos, ‘Dhálias’ e ‘Horto’. O resultado consiste numa edição pequena e numerada. A sensação é estar em posse da primeira edição, de 1900, com a diferença de ser acrescida de notas informativas sobre cada poema alterado, além de pequenos comentários de Câmara Cascudo extraídos da biografia ‘Vida Breve de Auta de Souza’ alusivos aos referidos cânticos”, concluiu Castim.

O projeto conta com patrocínio do cemitério, crematório e funerária Morada da Paz, e toda a renda obtida com a venda dos livros será integralmente destinada às seguintes instituições: Comunhão e Caridade Ave Luz, em Natal, e Fundação Lar Celeste Auta de Souza, em Macaíba.

A Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANL) fica na Rua Mipibu, 443, Petrópolis.

FONTE: G1/RN

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