Ilustradora potiguar ganha prêmio nacional de melhor quadrinho com personagem Arlindo

Arlindo é um menino que mora em Currais Novos, no interior do Rio Grande do Norte, e vive as descobertas de um adolescente. O personagem criado pela ilustradora potiguar Luiza Souza – conhecida na internet como @Ilustralu – ganhou milhares de fãs, virou livro no ano passado e acaba de ser considerado o melhor quadrinho na maior premição de cultura pop do país: a CCXP Awards.

O resultado da primeira edição da premiação foi divulgada na última sexta-feira (15) em São Paulo. Além de quadrinhos, foram premiados trabalhos em mais de 30 áreas como filmes, séries, jogos, literatura, entre outros.

A obra da potiguar concorreu em cinco categorias: melhor quadrinho, melhor álbum, melhor quadrinista, melhor roteirista e melhor colorista.

Eu não esperava tantas indicações, mas foi uma felicidade gigante. Mais massa ainda foi o tanto de gente que se emocionou junto. Acho que quando uma história assim que serviu de espelho para tanta gente ganha, todo mundo que se enxergou um pouco ali ganha junto.

— Luiza Souza, Ilustralu, autora de Arlindo

Luiza trabalha com ilustração e quadrinhos desde 2014, de forma independente. Ela conta que a ideia do personagem surgiu em 2018, a partir de sua percepção sobre os discursos de ódio que se tornavam mais corriqueiros no país.

“Resolvi fazer uma webcomic, que começou a ser publicada no primeiro dia de 2019, toda terça-feira, às 20h. Depois passei a publicar toda terça e quinta. As pessoas se identificaram bastante, principalmente durante o período de isolamento por causa da pandemia”, considerou.

Arlindo

Arlindo vive nos anos 2000, tentando se encontrar, experimentando seus primeiros amores, questões familiares e se descobrindo como uma pessoa LGBT.

“Ele é um bom amigo, um bom filho, um rapaz que ajuda a mãe a fazer docinhos, embora o pai seja muito precoceituoso e não aceite que ele cozinhe”, resume Ilustralu.

Todo o trabalho é de Luiza: do roteiro à arte final. O sucesso na internet foi tanto, que os leitores passaram a pedir a publicação de um livro com a história.

Livro

Uma campanha de financiamento coletivo aberta na internet bateu 100% da meta (cerca de R$ 85 mil) em menos de 24 horas e teve resultado final de 455% a proposta inicial.

O livro, que tem cerca de 200 páginas, foi lançado em uma edição de capa dura em 2021, pela editora Seguinte – selo jovem da Companhia das Letras. Apesar da publicação da obra, a autora ressalta que toda a história continua disponível na internet.

“É um trabalho que fala sobre aprender a se amar, sobre o valor que a gente tem, que temos o direito de existir sem dever nada a ninguém”, considera.

Segundo Luiza, a história tem inspirações na sua própria adolescência, bem como na de amigos. O cenário de Currais Novos, por exemplo, foi onde ela cresceu.

“Eu queria que as pessoas prestassem atenção que tem pessoas escutando aquele seu discurso de ódio. As vezes é uma criança que está ali do seu lado e está sendo atingida por aquilo”, considerou.

Documentário

A autora comemora a premiação e conta que está produzindo um documentário, que já teve dois episódios lançados na internet, sobre a transformação da série de quadrinhos em livro.

O webdocumentário “Arlindo sou eu”, produzido em Natal e dirigido por Camila Guerra, já tem disponibilizado um episódio sobre o roteiro e outro que fala sobre regionalidade.

G1RN

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