O consumo de oxigênio na rede estadual de saúde do Rio Grande do Norte aumentou 15% nos últimos três meses. Segundo informações da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), a demanda pelo recurso saltou de uma média de 200 mil m³ para 230 mil m³ por mês, entre dezembro de 2020 e março de 2021. Com a crescente utilização em todo o país, cerca de 60 municípios potiguares também já sinalizaram que estão enfrentando problemas no abastecimento.
Segundo a presidenta do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do RN (Cosems), Maria Eliza Garcia, a falta nos municípios ainda é pontual e acontece devido a escassez do insumo nos pequenos fornecedores, que enfrentam dificuldades para cumprir o contrato com os órgãos públicos e já limitam o abastecimento.
“Alguns são municípios pequenos, que não possuem uma grande escala de oxigênio guardado. E agora algumas empresas fornecedoras estão avisando que pode faltar cilindros para reposição, porque não estão encontrando para comprar também”.
Ela afirma também que o estado pretende fazer um aditivo na compra de oxigênio para ajudar esses municípios. Entre os que sinalizaram problemas com uma futura escassez estão: Macaíba, São José do Mipibu, Ceará- Mirim, Parnamirim e Guamaré.
Em São José do Mipibu, o consumo de oxigênio passou de 1200 m³, em dezembro de 2020, para 2500 m³ mensais, em fevereiro de 2021. Segundo o Secretário Municipal de Saúde, Jefferson Souza, os hospitais não estão fazendo novas internações devido a escassez do recurso. Os pacientes que procuram atendimento precisando do gás medicinal estão sendo destinados para outras regiões próximas ou estão ficando de observação nas próprias UPA’s, o que também sobrecarrega a demanda dessas unidades.
“Nós solicitamos um aumento dos cilindros para o distribuidor, mas isso também não deu conta. O consumo realmente cresceu muito de janeiro para cá. Estamos já operando no nível de segurança desse insumo”, relatou.
Ainda segundo o secretário, a Prefeitura aprovou na semana passada a instalação de uma usina de gás medicinal, que deve ficar pronta entre 30 a 40 dias, e deve ser feita com recursos do próprio município. O gestor, no entanto, não informou o montante do investimento.
O aumento do consumo acontece diante do crescente número de internações de pacientes com Covid-19 em todo o estado, que até as 12h desta terça-feira 16 registrava 325 leitos críticos ocupados, com 17 hospitais operando com 100% de sua capacidade. De acordo com a Sesap, a abertura de 167 novos leitos, entre janeiro e março, também faz com que o consumo aumente, pois aumenta a necessidade de recursos.
Segundo informação da empresa White Martins, fornecedor dos gases medicinais para os hospitais e outras unidades da rede da Sesap, a situação geográfica do estado é favorável à logística do abastecimento e, por isso, está numa base de mais estabilidade para o fornecimento, mesmo com esse acréscimo de consumo.
Em janeiro, Manaus teve o início de uma situação trágica em hospitais: o colapso provocado pela falta de oxigênio para pacientes internados com Covid-19. A capital amazonense já vivenciava um aumento progressivo no número de casos da doença desde dezembro, o que lotou os hospitais de referência em janeiro. Com o grande volume de internações, já não havia mais o insumo para os doentes que dependiam dele para seguir o tratamento.
Com a situação alarmante, o Amazonas passou a enviar pacientes para receber atendimento em outros estados. A estimativa inicial era transportar 235 pacientes, mas o próprio ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que a expectativa do governo era mandar 1,5 mil pacientes para tratamento em outros estados em função da falta de condições de atendimento no Amazonas. Ao todo, mais de 500 pacientes já foram transferidos. Alguns deles foram transferidos para o Rio Grande do Norte e foram tratados no Hospital de Campanha de Natal, por exemplo.
FONTE: AGORA RN