Com reajuste, Auxílio Brasil pode injetar R$293 milhões na economia

A ampliação do benefício Auxílio Brasil, pelo Governo Federal, pode injetar pelo menos R$ 293 milhões na economia do Rio Grande do Norte neste mês de agosto. Ao todo, segundo dados do Ministério da Cidadania, pelo menos 489.930 famílias serão beneficiadas, número que aumentou 10% em relação ao mês de julho. Em relação a janeiro, o número de beneficiários do programa de transferência de renda cresceu 14%. As famílias receberão um valor mínimo de R$ 600, recurso que pode aumentar com a inclusão de benefícios complementares, a depender dos perfis dos beneficiários. O valor global do auxílio no Brasil é de R$ 12,1 bilhões e começará a ser pago nesta terça-feira (09).

Segundo os dados do Ministério da Cidadania, a nível Nordeste, o RN tem um dos menores números de famílias beneficiadas, ficando a frente apenas de Sergipe (391.798). A nível Brasil, o RN está a frente de 11 estados nos números absolutos. Região com o maior número de beneficiários no programa de transferência de renda do Ministério da Cidadania, o Nordeste tem 9,42 milhões de contemplados, e 7,6 milhões são do sexo feminino (80%). Dos nove estados da região, aqueles em que o percentual de mulheres como responsáveis familiares é maior está em Alagoas, Ceará e Maranhão, todos com 83%.

Ainda segundo dados do Ministério da Cidadania, a responsável familiar é mulher em 82,4% dos lares contemplados pelo Auxílio Brasil em agosto no RN.

“O fato de o Auxílio-Brasil priorizar as mulheres como responsáveis não é uma novidade, apenas segue uma tendência já estabelecida pelo programa Bolsa família. Reflete também a realidade brasileira de abandono paterno e do crescente número de famílias chefiadas por mulheres” avalia a conselheira Ana Carolina Ros, do Conselho Regional de Serviço Social do RN (CRESS-RN).

Quem está na expectativa de receber o auxílio é a natalense Maria Helena de Moura, 51 anos. Ela mora sozinha e foi demitida do trabalho recentemente, tendo dificuldades de se inserir novamente no mercado de trabalho.

“O auxílio vai ajudar. O emprego, por mais que a gente tenha qualificação, está difícil. Sou formada em Recursos Humanos, mas não tem a oportunidade. Temos que recorrer, para quem paga aluguel, sou divorciada. Vou usar principalmente para alimentação e aluguel”, comenta.

A potiguar Maria das Virgens, 56 anos, disse que o auxílio será importante para a alimentação. “Vai ajudar e muito, para quem está desempregado é uma ajuda boa. Já me tira do prego. Vou usar o auxílio para comer, para alimentação. Está tudo muito caro, não vai dar para muita coisa, mas já ajuda”, disse.

Para a secretária de Assistência Social de Natal, Ana Valda Galvão, após um contexto de pandemia em que cresceu o número de famílias em situação de vulnerabilidade, receber o aporte “é bastante positivo porque é um incremento no auxílio”.

“As famílias recebiam um valor de R$ 400 e agora estão recebendo R$ 600. Isso significa um aumento de renda de famílias vulneráveis. Sem dúvida vai fazer a diferença na realidade dessas famílias”, afirma a secretária da Semtas, Ana Valda Galvão.

Investimento

O investimento total do Ministério da Cidadania para o pagamento do Auxílio Brasil em agosto de 2022 é superior a R$ R$ 12,1 bilhões. O valor médio é de R$ 607,88. Além do benefício principal, há benefícios complementares pagos de acordo com os perfis das famílias, como o Auxílio Esporte Escolar, a Bolsa de Iniciação Científica Júnior e o Auxílio Inclusão Produtiva Rural.

Os R$ 600 levam em conta o valor mínimo pago por família, de R$ 400 habituais do programa do Ministério da Cidadania, e o valor complementar de R$ 200, que será pago até dezembro de 2022 a partir da aprovação de Emenda Constitucional pelo Congresso Nacional.

“Somente no RN, dados do IBGE apontam que temos 510 mil pessoas sobrevivendo com menos de 2 dólares por dia. Estas pessoas precisam deste dinheiro do Governo Federal para não morrerem de fome”, avalia o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN (Fecomercio), Marcelo Queiroz.

A conselheira do CRESS-RN, Ana Carolina Ros, fez críticas à forma como o Auxílio-Brasil foi implementado. Segundo ela, a medida tem caráter “eleitoreiro” e “não traz garantia de continuidade”, uma vez que tem previsão de encerrar em dezembro. A possibilidade de empréstimos consignados com o Auxílio-Brasil também foi criticada.

A forma como esse auxilio surge contribui apenas para maquiar a total incompetência do governo federal em estimular a criação de empregos formais para a população e de desenvolver programas sociais que de fato proporcionem a redução da desigualdade social do país. O Cress RN corrobora o posicionamento do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e embora reconheça a importância dessa transferência de renda direta nesse período de crise, defende uma política de renda básica universal, que garanta condição de vida dignas para a população brasileira, possibilitando acesso à moradia, alimentação, saúde, trabalho e lazer”, concluiu.

Números

R$ 293 milhões é o valor que pode ser injetado na economia do Rio Grande do Norte com o auxílio Brasil em agosto

489.930 famílias podem ser beneficiadas em agosto

R$ 12,1 bilhões é o investimento total do Governo Federal

TRIBUNA DO NORTE

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