Clarice usa bolsa desde os cinco anos, mas nunca teve condições clínicas para realizar o procedimento. Neste ano, teve autorização, mas esbarrou na falta de equipamentos no Hospital Maria Alice Fernandes.
Uma menina de 9 anos, que aguarda há quatro por uma cirurgia de retirada da bolsa de colostomia, teve o procedimento adiado no mês passado em Natal por falta de equipamentos no hospital Maria Alice Fernandes. Para a família da jovem, o adiamento foi considerado uma “falta de sensibilidade”, já que a criança chegou a ser internada depois de anos de espera.
Clarice Cecília Medeiros mora em Caicó e desde os cinco anos, quando descobriu um problema digestivo, precisou começar a usar uma bolsa de colostomia. Ela faz todo o tratamento na capital Natal, mais de 270 quilômetros distante da sua cidade.
Ao longo dos anos de tratamento, a menina fez vários exames para saber se tinha condições de realizar a cirurgia de reversão, mas sempre era apontado alguma alteração nos resultados e a cirurgia era adiada. A avó, que faleceu de Covid neste ano, era quem a acompanhava.
Em novembro deste ano, a família recebeu a notícia de que os exames autorizavam a cirurgia de Clarice.
A criança foi internada no dia 22 de novembro e a cirurgia estava marcada para o dia 24. No primeiro dia, no entanto, a família foi informada pela equipe do hospital que alguns equipamentos necessários para fazer o procedimento estavam em falta.
“Eu achei uma falta de sensibilidade, porque foi tão esperada essa cirurgia de Clarice, e, por causa de um equipamento… Eu pedi um papel que me desse como garantia uma próxima data ou uma coisa do tipo, não me deram. Eu falei com uma atendente e ela me disse que não tem previsão, porque o equipamento que precisa não chegou”, disse a prima, Andressa Saldanha.
A família até fez uma vaquinha e conseguiu o dinheiro para comprar parte dos materiais necessários, mas ainda não foi o suficiente.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), a paciente foi liberada e a cirurgia será marcada quando o hospital adquirir todo o material necessário para a realização do procedimento. Ainda não há prazo sobre quando isso deve acontecer.
Clarice diz que o sonho dela e o maior presente que poderia ganhar nesse final de ano seria realizar essa cirurgia tão aguardada.
“Ia mudar muito, porque eu ia poder fazer as coisas que eu não posso. Eu ia comer as coisas que eu não posso”, falou.
A família também lamenta o adiamento e a falta de previsão para a cirurgia. “Era um sonho da avó dela, é um sonho nosso, de que Clarice fique perfeita, porque está crescendo, é muito ativa, gosta de pular, de dançar. Então, ela não pode fazer coisas como usar uma short, ou algo do tipo. Para ela é um constrangimento muito grande. Para um adulto já é, imagine pra uma criança”, disse Andressa, prima de Clarice.
FONTE: G1/RN