Biblioteca Câmara Cascudo terá acervo integral disponível até o fim do ano

A Biblioteca Estadual Câmara Cascudo, localizada em Petrópolis, zona Leste de Natal, reabriu para o público em dezembro do ano passado, após nove anos fechada para reformas. Apesar disso, quase cinco meses depois de reabrir as portas, ela continua com serviços limitados, sem permitir fazer empréstimos de livros. O objetivo da direção da biblioteca é catalogar e disponibilizar  todos os livros até o final do ano, mas ainda sem data definida.

Segundo Ailton Medeiros, coordenador da área de Livros, Leitura e Biblioteca da Fundação José Augusto, responsável pela administração, a Câmara Cascudo está passando por um processo de automação. O processo licitatório para a escolha da empresa responsável pela operação do sistema online — que permitirá a catalogação e classificação dos livros, cadastros dos usuários e outras ações — só começou entre o final de novembro e início de dezembro, quando a direção do órgão já tinha certeza da reabertura da biblioteca.  O resultado só saiu em fevereiro, e em março começou o treinamento dos funcionários. 

A expectativa, diz o coordenador, é que o primeiro lote de livros seja disponibilizado a partir de 20 de maio. São cerca de três estantes que ocupam uma sala, com edições de autores potiguares e livros que foram lançados por meio da Lei Aldir Blanc. “Enquanto o SIABI [sistema de automatização] não estiver funcionando, a gente não pode emprestar o livro. Pode ceder para leitura, mas não emprestar”, diz o gestor. Segundo ele, esse primeiro lote representa cerca de 20% do acervo total de obras.

Centro cultural

Dividida em três andares, a biblioteca tem um público médio diário de 30 pessoas, principalmente estudantes e visitantes que querem conhecer o acervo. O espaço disponibiliza 20 computadores para os usuários. Quando a reportagem da TRIBUNA DO NORTE esteve lá, duas pessoas estavam na sala de estudos, que funciona no segundo piso. “A gente quer mais gente aqui. Esperamos 150 pessoas, está no começo”, comenta Ailton. Entretanto, outras atividades já estão disponíveis, como lançamentos de livros e exposições. Em breve, outros projetos começarão, como o clube do livro e o espaço para crianças, com contação de histórias e brincadeiras. 

Em breve, a direção também pretende abrir um café com a venda de souvenirs na entrada. Segundo Ailton Medeiros, a biblioteca recebe estudantes que passam o dia inteiro lá. Assim, um café ofereceria mais estrutura para permanência. A licitação do café ainda será aberta. “Muita gente ainda vê a Biblioteca Câmara Cascudo como antes da reforma, que era só para ler, sentar e estudar. A biblioteca hoje é mais do que isso. É mais um centro cultural do que somente uma biblioteca”, argumenta.

Atualmente, a Biblioteca conta com cinco bibliotecários e seis estagiários de biblioteconomia. Para Medeiros, esse número também precisa aumentar. “Precisa de pelo menos 10 bibliotecários. Mas precisa ter concurso. A governadora se comprometeu a fazer um concurso no próximo ano, porque os servidores da Fundação [José Augusto] já estão se aposentando”, afirma

Histórico

A biblioteca é administrada pela Fundação José Augusto (FJA) e foi criada em 8 de abril de 1963, sendo inaugurada em 1969 sob a gestão de Zila Mamede na FJA. Fechada em 2012 por problemas estruturais, passou por diferentes gestões estaduais e tentativas mal sucedidas de reabertura. Em 14 de dezembro, foi reinaugurada numa cerimônia que contou com a presença da governadora Fátima Bezerra (PT) e outras autoridades. Na época, ela afirmou que devolver os espaços culturais era uma obrigação. “Precisamos zelar cada vez mais por equipamentos como este, porque ele representa memória e conhecimento”, afirmou. 

Durante o período fechado, o acervo foi transferido e mantido guardado na Cidade da Criança. São cerca de 100 mil livros que fazem parte da coleção, num acerto que está em constante mudança devido às doações e novas aquisições. Dentre esses livros, obras raras como uma edição de “Igrejas e Casarões – Xilogravuras de Francisco Xavier” que ganhará uma reedição para comemorar os 50 anos. Há também primeiras edições das obras de Câmara Cascudo e uma edição original de “Casa-Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, publicado pela primeira vez na década de 1930. Ela está aberta de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h.

FONTE: TRIBUNA DO NORTE

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