Segundo Secretaria de Recursos Hídricos do RN e comitê-gestor do Rio Piranhas-Açu, previsão é que volume de água chegue até esta quinta-feira (10).
A solenidade do governo federal para marcar a chegada das águas da transposição do Rio São Francisco ao Rio Grande do Norte, com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL), na tarde desta quarta-feira (9), não contou com a água da transposição.
Segundo o secretário de recursos hídricos do Rio Grande do Norte, João Maria Cavalcanti, o comitê de bacias que monitora o Rio Piranhas-Açu, por onde a água deve entrar ao estado, alertou que o volume de água liberado há cerca de dois dias na Barragem de São Gonçalo, na Paraíba, não chegaria a tempo.
Até a manhã desta quarta-feira (9), segundo ele, o volume não havia chegado a São Bento (Paraíba) que fica a 20 quilômetros do ponto de entrada do rio no Rio Grande do Norte.
“Não haverá tempo de o presidente inaugurar as águas passando por Jardim de Piranhas”, afirmou.
A transmissão da TV governamental anunciava que a cerimônia era para a chegada das águas. A solenidade acabou por volta das 13h10. Em nota, o Ministério do Desenvolvimento Regional negou que tenha havido atraso disse que a água começou a chegar ao meio-dia (veja gráfico mais abaixo, nesta matéria).
Durante discurso no evento, Bolsonaro se comprometeu a completar as obras da transposição até o final de 2022.
“Aqui estamos mostrando para vocês que temos respeito, que temos responsabilidade e vamos cumprir a nossa missão. Vamos fazer com que, brevemente, ainda no corrente ano, tenhamos concluída totalmente a transposição do São Francisco para o bem de vocês e para tranquilidade do país. Tudo faremos para que a água, esse bem indispensável, chegue ao lar de cada um de vocês”, afirmou Bolsonaro.
O presidente chegou ao estado na tarde de terça-feira (8) e também visitou as obras da barragem de Oiticica pela manhã, em Jucurutu – o reservatório deve ser o primeiro a receber as águas da transposição no estado. Depois do evento, Bolsonaro seguiu para a solenidade em Jardim de Piranhas, que começou pouco antes das 12h e foi encerrada por volta de 13h10. O presidente foi embora do RN por volta das 15h30.
Segundo Procópio Lucena, que faz parte do Comitê Gestor da Bacia Hidrográfica do Piancó-Rio Piranhas-Açu, a previsão é que a água só chegue efetivamente ao Rio Grande do Norte nesta quinta-feira (10).
De acordo com ele, a água presente no rio atualmente é resultado das últimas chuvas e ainda não houve aumento do volume após a abertura da barragem de São Gonçalo, por onde a água da transposição foi liberada para entrar pela primeira vez ao Rio Grande do Norte.
“As comportas de São Gonçalo com as águas do PISF (Projeto de Integração do Rio São Francisco) foram abertas com uma vazão de 23m3/s, porém o cálculo de tempo foi errado”, disse. “Esse volume só deve chegar de hoje à noite para amanhã”, acrescentou.
Em nota, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) disse que a água do São Francisco começou a chegar efetivamente ao Rio Grande do Norte nesta quarta-feira, segundo medição automática realizada pela Agência Nacional das Águas no limite entre os estados da Paraíba e o Rio Grande do Norte. O MDR ainda criticou o secretário de recursos hídricos do RN.
O gráfico enviado pelo ministério mostra uma redução da vazão da água do rio antes das 10h45. A vazão que estava em mais de 4 metros cúbicos por segundo caiu a quase 3 m³ e só voltou a passar dos 4 m³ por volta das 17h. Às 19h30, chegava a quase 6 m³ por segundo. Segundo o MDR, a escalada crescente demonstra a chegada das águas do Rio São Francisco.
“A água do Rio São Francisco vem sendo liberada na Barragem de São Gonçalo, na Paraíba, numa vazão média de 20 m3/s desde o último sábado, dia 5 de fevereiro. Ao longo dos próximos dias, será ainda mais perceptível a elevação do volume no Rio Piranhas-Açu. Como o transporte da água ao RN se dá pelo leito do rio, e não por canais com espaço delimitado, é natural que o deslocamento seja mais lento, tanto pela absorção da água como pelo seu espalhamento pelo leito irregular. A chegada das águas do São Francisco representa segurança hídrica e fortalecimento das condições para o desenvolvimento econômico e social do estado”, diz a nota.
FONTE: G1/RN