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Cinco médicos passaram mal após um jantar em um restaurante de alto padrão em Natal, na noite da última terça-feira (6), após consumirem peixe da espécie dourado. Horas depois, todos apresentaram sintomas intensos de intoxicação alimentar. Dois deles permanecem internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em estado estável e sob monitoramento.
Os sintomas são compatíveis com Ciguatera, uma intoxicação causada por toxinas naturais presentes em peixes de recife, como dourado, garoupa e badejo. A condição não está relacionada a falhas no preparo ou conservação do alimento, mas à presença de toxinas que se acumulam naturalmente em algumas espécies marinhas de regiões tropicais.
Após o ocorrido, equipes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Vigilância Sanitária municipal estiveram no restaurante, onde coletaram amostras do alimento consumido. A investigação segue em andamento, com foco na origem do pescado. O caso chamou atenção pela gravidade dos sintomas e acendeu um alerta nas autoridades de saúde.
Embora ainda pouco conhecida no país, a intoxicação por Ciguatera tem apresentado crescimento. A Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP) já registrou episódios semelhantes em Fernando de Noronha desde 2022, com novas ocorrências relatadas nos anos seguintes. Em abril deste ano, a SESAP publicou uma Nota Informativa alertando sobre o risco da toxina em regiões costeiras como o Rio Grande do Norte, especialmente durante períodos de aumento no consumo de peixes, como a Semana Santa.
A ciguatoxina é produzida por microalgas marinhas e se acumula ao longo da cadeia alimentar até atingir grandes peixes predadores. O maior risco está no fato de que a substância não altera o sabor, o cheiro ou a aparência do peixe — e não é eliminada pelo cozimento nem pelo congelamento.
Os sintomas incluem dores abdominais, náuseas, vômitos, diarreia, formigamento, sensação térmica invertida (como frio ardente), cãibras, visão turva, alterações no ritmo cardíaco e, em alguns casos, complicações neurológicas de longa duração.
A Nota Informativa da SESAP recomenda que profissionais de saúde fiquem atentos a sinais clínicos após ingestão de pescado e notifiquem imediatamente casos suspeitos ao sistema de vigilância. A população também foi orientada a evitar o consumo de partes como ovas, fígado e cabeça de peixes predadores, e a redobrar a atenção quanto à procedência do pescado.
Os cinco médicos afetados seguem sob acompanhamento clínico. Os dois que permanecem hospitalizados estão conscientes, estáveis e em monitoramento intensivo.
Fonte: 96FM