O Rio Grande do Norte ultrapassou a marca de 8 mil mortes por Covid-19 desde o início da pandemia, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN (Sesap-RN). O Estado chegou a 8.002 mortes após a confirmação de quatro óbitos entre o domingo (20) e esta segunda (21). A marca supera a soma do número de homicídios dos últimos quatro anos em todo o Estado. Em números, oito mil mortes por covid superam a população de 81 municípios do Rio Grande do Norte, segundo dados do IBGE Cidades.
“Esses números expressam a grande dimensão do que essa pandemia representa para nós, como um grande problema de saúde pública”, diz a doutora Marise Reis, médica infectologista e professora do Departamento de Infectologia da UFRN. Segundo Marise Reis, a curva epidêmica da doença no Estado está em descida, mas ainda não há controle.
As últimas mortes por Covid-19 no Estado aconteceram em Natal, Parnamirim e Felipe Guerra. A marca de 8 mil mortes por coronavírus aconteceu quase dois anos após o primeiro óbito registrado pela doença no Estado, no dia 29 de março de 2020. A vítima foi o professor universitário Luís Di Souza, 61 anos, com histórico de diabetes.
O RN havia chegado a marca de 7 mil mortes no dia 19 de julho de 2021, há 217 dias. Antes, em 25 de maio, o Estado havia atingido ao índice de 6 mil mortes por covid-19. O menor intervalo entre os mil óbitos aconteceu entre 30 de junho de 2021 e 11 de agosto, sendo 43 dias de espaçamento.
“Os óbitos são também uma parte dos casos totais, se tivermos um número explosivo de casos, teremos elevação do número de óbitos mesmo em menor volume, o que se deve sobretudo à vacinação. Se não estivéssemos vacinados o número de óbitos seria ainda maior”, reforça o epidemiologista e e professor da Escola de Saúde do RN, Ion de Andrade.
“Se não estivéssemos vacinados, o número de óbitos seria ainda maior. É por isso que as normas relacionadas à prevenção continuam válidas, pelo fato de que as vacinas evitam cerca de 94% a 97% dos casos graves. Resta sempre uma minoria de pessoas que por razões diversas, como doenças imunes, uso de medicação imunodepressores, tratamento de doenças como alguns tipos de câncer que mesmo vacinadas podem desenvolver doença grave”, acrescenta Ion de Andrade.
Apesar da marca de 8 mil mortes, os óbitos vêm caindo no Rio Grande do Norte nos últimos meses, situação atribuída à vacinação pelo Governo do RN e pesquisadores em saúde pública. Um relatório do Laboratório de Inovação Tecnológica da UFRN (LAIS/UFRN) publicado na última sexta-feira (18) concluiu que um paciente não vacinado tem 240 vezes mais chance de morrer por covid-19 do que um paciente com a dose de reforço, caso venha a fazer a forma mais grave da doença.
Para efetuar o cálculo das taxas citadas, foram cruzados dados do Regula RN com dados do RN Mais Vacina. Para tanto, foram observados os óbitos de pacientes que foram internados em leitos Covid-19 SUS/RN no período de janeiro de 2021 a janeiro de 2022, considerando-se somente os óbitos após o início da imunização no RN.
Em janeiro, o Estado voltou a registrar aumento no número de óbitos em relação aos últimos meses. Segundo o LAIS/UFRN, foram 189 mortes por covid, maior número desde julho de 2021. De acordo com o professor Ricardo Valentim, diretor do LAIS/UFRN e pesquisador, o primeiro mês de janeiro registrou aumento de internações com o momento da piora da pandemia em virtude da variante Ômicron. No entanto, a vacinação freou o número de mortes.
Valentim argumenta que, em junho de 2021, pico da segunda onda, havia 200% de pedidos de internações à época em comparação a janeiro de 2022, pico da terceira onda. A diferença, segundo ele, é o avanço da vacinação.
“Caso não tivéssemos essa grande taxa de população vacinada como tínhamos agora em janeiro, a rede assistencial do RN teria colapsado. Isso não aconteceu porque as vacinas criaram essa rede de proteção. As vacinas pouparam pelo menos 900 óbitos no mês de janeiro. Essa estimativa é com base na proporção de novos casos diários entre janeiro deste ano e o meio do ano passado”, afirma.
VacinaçãoDe acordo com dados do RN + Vacina, 86% da população com 18 anos ou mais no Rio Grande do Norte está com a vacinação completa e 40% da população tomou a dose de reforço. A infectologista Marise Reis avalia essa taxa como insuficiente. “A D3 faz parte do esquema vacinal. Quando o indivíduo toma a D2, os estudos mostram que, após 4 ou 5 meses, os níveis de anticorpos caem abaixo do nível protetor, então esse retorno da proteção se dá com a dose de reforço”, aponta.
FONTE: TRIBUNA DO NORTE