Ainda na expectativa de o Supremo Tribunal Federal considerar o ex-juiz Sérgio Moro suspeito para julgá-lo, o ex-presidente Lula faz seu primeiro pronunciamento a partir das 11h desta quarta, 10, sobre a decisão que anulou todas as suas condenações na Operação Lava Jato. Há expectativa de que o petista também responda a perguntas de jornalistas sobre as eleições de 2022.
Na segunda, 8, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, declarou a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar quatro ações relativas ao ex-presidente – os casos do triplex de Guarujá, do sítio de Atibaia, da sede do Instituto Lula e de doações da Odebrecht. Desta forma, Fachin anulou todas as decisões de Moro nos respectivos processos, desde o recebimento das denúncias até as condenações, devolvendo a Lula seus direitos políticos e o tornando apto a disputar eleições.
A coletiva do ex-presidente Lula na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, ocorre com respeito a uma série de protocolos de segurança. A sede está sem funcionários administrativos e não há apoiadores do ex-presidente ao redor do prédio. Jornalistas, que tiveram de fazer credenciamento prévio, só entram no local após medição de temperatura e limpeza das mãos com álcool em gel. Dezenas de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas, de diversos países, aguardam o início da coletiva, prevista para as 11h.
A fala do ex-presidente ocorre em um palco com um grande banner atrás do púlpito. O cartaz traz frases que devem dar o tom da campanha política do PT daqui para frente: “Vacina para todos e auxílio emergencial já” e “Saúde, emprego e justiça para o Brasil”.
Lideranças que apoiaram Lula e também vinham tendo pretensões eleitorais para 2022, como o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e o ex-candidato à Prefeitura da cidade e à Presidência Guilherme Boulos (PSOL) estão presentes no palco onde Lula fala. Há também presença da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, do ex-prefeito de São Bernardo Luiz Marinho (PT) e dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
A decisão de Fachin atende, quatro anos depois, as alegações da defesa do ex-presidente, que sempre argumentou não ser de competência da 13ª Vara Federal julgar os casos, já que os mesmos não têm relação direta com a Petrobrás – alvo inicial da Lava Jato. Fachin reconheceu essa alegação em sua decisão de segunda, fato que deve ser explorado no pronunciamento desta manhã.
Como mostrou o Estadão, Lula ainda tem futuro incerto – a decisão de Fachin deve ser alvo de recurso da Procuradoria-Geral da República – e diante disso ainda não deve se assumir candidato à Presidência, apesar de seu discurso ir neste sentido. Como informou Vera Rosa, em sua Supercoluna desta quarta, não foi à toa que o petista escolheu o sindicado dos metalúrgicos, para seu primeiro pronunciamento. Berço do PT, foi de lá que Lula saiu, em abril de 2018, para a prisão em Curitiba.
Segundo Vera, Lula vai tentar assumir a liderança da oposição ao presidente Jair Bolsonaro com um discurso de “salvação nacional”, que prega menos armas e mais vacinas. “Nesse retorno à cena política, reabilitado para se candidatar em 2022, Lula foi aconselhado por advogados a não ressuscitar a “jararaca” e a adotar o figurino “paz e amor”.
FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO/AGORA RN