Deputada Isolda aprova Lei que reconhece Festejos de Iemanjá como Patrimônio Cultural Imaterial do RN

Nos últimos três anos, os registros de boletim de ocorrência pela suspeita de intolerância religiosa no Rio Grande do Norte aumentaram 200%. Os dados foram fornecidos pela Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais (COINE), órgão interno da Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (SESED). “Há décadas a estátua de Iemanjá, localizada na Praia do Meio, vem sendo vilipendiada, atacada, agredida como nós povos de terreiro”, conta a Iyalaxé Flaviana d´Oxum, do Ilê Axé Dajô Obá Ogodô, localizado em Extremoz. Ela, que integra a coordenação colegiada do Grupo de Articulação de Matriz Africana e Ameríndia do Rio Grande do Norte, conta ainda que o reconhecimento dos festejos como um patrimônio histórico, para os povos de terreiros, é também liberdade religiosa: “é combater a intolerância que a gente sofre todos os dias. É garantir a nossa liberdade de culto”, ressalta.

Proposto pela deputada estadual Isolda Dantas (PT), o Projeto de Lei que reconhece como Patrimônio Cultural Imaterial do Rio Grande do Norte (RN) os Festejos de Iemanjá, comemorados anualmente em 2 de fevereiro, foi aprovado na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN). Segundo a propositora, é fundamental resgatar as inúmeras opressões que as religiões de matriz africana sofrem desde a sua origem no território brasileiro, com forte repressão e marginalização, sendo alvos da mais intensa intolerância religiosa. A parlamentar lembra ainda um episódio criminoso ocorrido nos Festejos deste ano, nas proximidades da estátua de Iemanjá, na Praia do Meio, em Natal, com agressões decorrentes de intolerância religiosa, o que segundo ela é inaceitável.

“Nosso mandato está à disposição para seguirmos na luta em combate a crimes como esse e para promover iniciativas como essa, a aprovação da lei, que é de extrema importância como forma de valorização, visibilidade e de preservação das raízes, como patrimônio imaterial, especialmente considerando que as raízes africanas influenciaram decisivamente na formação do nosso povo”, sinaliza a parlamentar. Segundo o Projeto de Lei, esse patrimônio cultural imaterial, transmitido de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função do seu meio envolvente, da sua interação com a natureza e da sua história, e confere-lhes um sentido de identidade e de continuidade, contribuindo assim para promover o respeito da diversidade cultural e a criatividade humana.

Festejos de Iemanjá


Anualmente, em 2 de fevereiro, às Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, se reúnem em festejos celebrativos para saudações e demais práticas devocionais, alusivas à Iemanjá – orixá/divindade que representa as águas salgadas no Candomblé e Umbanda.

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