A declaração do ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, sobre a realização das eleições de 2022 somente com voto impresso provocou enorme reação contrária. A ameaça foi publicada pelo jornal Estado de S. Paulo e confirmada pela CNN.
Por meio de interlocutor, Braga Netto disse que, sem voto impresso, não vai ter eleição. A frase foi dita diante de várias pessoas, além do próprio presidente da República, dentro do Palácio do Planalto — e chegou rápido aos ouvidos do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL).
A ameaça aconteceu no início de julho, quando o mesmo ministro da Defesa e os três comandantes militares atacaram o presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM).
No relato de quem ouviu diretamente as palavras de Braga Netto, a ameaça foi genérica, mas seguida de um recado ao interlocutor, um dirigente de partido: que fizesse a mensagem chegar a quem interessasse. E ela chegou a Lira.
A conversa causou enorme reação e muita turbulência no mundo político e levou o ministro da Defesa a negar que tivesse dito o que foi publicado.
Publicamente, Braga Netto reiterou que as Forças Armadas atuam e sempre vão atuar dentro dos limites previstos na Constituição.
Em nota divulgada e lida num evento no Ministério da Defesa, Braga Netto também classificou como legítima a discussão do voto impresso analisada por quem compete decidir sobre o tema.
“Acredito que todo cidadão deseja maior transparência e legitimidade no processo de escolha dos seus representantes no Legislativo e Executivo em todas as instâncias”, disse o ministro.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, disse que conversou com o presidente da Câmara e o ministro da Defesa, que desmentiram enfativamente qualquer episódio de ameaça às eleições.
Pelas redes sociais, Lira disse que, “a despeito do que sai ou não na imprensa, o fato é o brasileiro vai julgar seus represntantes em outubro do ano que vem através do voto popular, secreto e soberano.”
O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), também reagiu. “Seja qual for o modelo, a realização de eleições periódicas, inclusive em 2022, não está em discussão. Isso é inegociável. Elas irão acontecer pois são a expressão mais pura da soberania do povo. Sem elas não há democracia e o país não admite retrocessos”, escreveu em rede social.
O vice-presidente da República considerou “lógico” ter eleição no ano que vem, mesmo que não seja aprovada a proposta do voto impresso. “É lógico que vão ter eleições. Não somos república de bananas”, disse Hamilton Mourão.
FONTE: CNN BRASIL